Segundo Sócrates, em "Conhece-te a ti mesmo", ou o autoconhecimento e a busca pela luz e a verdade, é fundamental para compreender a si mesmo, como o ponto de partida para entender o mundo, o outrem e a vida.
Ou seja, a libertação de si não está no externo, no mais do mesmo, no fofoquismo, nas migalhas de outrem, na dominação ou no que já passou. Mas, no interno, no olhar para dentro de si, no autovalor, no autoperdão, no desapego, na intuição, na compaixão, na caridade e no autoconhecimento e no imortal.
Porém, no “mundo-hoje”, uns insistem em resistir e outros aceitam a impermanência na vida. Os primeiros lutam em vão, e sofrem; os outros já aceitam que não resistir ao que não controlam é viver em um estado de temperança e paciência. Isto é, os “uns” se contentam com ilusões, fingimentos e meias-verdades; e os “outros” buscam resgatar a autenticidade, vibrar na paz e no autopoder, crer na manifestação do divino e na força do amor-próprio.
Todavia, ambos experimentam “no agora” uma “Era” em que tudo é, velozmente, mutável, incerto e efêmero nos laços sociais, no trabalho e nas identidades pessoais. Onde tudo parece se tornar cada vez mais fluído, flexível, inesperado, fugaz, passageiro e só o autoconhecimento (ou a autognose) é capaz de nos curar da repetição dos padrões nocivos, das prisões mentais e dos vínculos narcisistas.
Assim, a autognose nos liberta porque permite que compreendamos melhor as emoções, as fortalezas e as fraquezas, nos levando a decisões mais conscientes, a relacionamentos mais saudáveis e à experiência da maturidade.
Logo, o cultivo do autorrespeito é fundamental para o desenvolvimento pessoal e profissional, e a acessar os portais da prosperidade e da abundância – não só financeira. Mas, sobretudo, em um ciclo de bem-estar emocional, com repercussão na vida coletiva, e de necessidade de exercitar o "Conhece-te a ti mesmo", ou seja, o autocontrole.
Para Zygmunt Bauman (2001), a sociedade líquida (ou a sociedade contemporânea) é um estado de fluxo constante, onde as relações, instituições e identidades são fluidas, temporárias e voláteis, sem estruturas sólidas ou duradouras. Onde as relações sociais, econômicas e de produção são guiadas pela falta de solidez e certeza, mudando rapidamente e de forma imprevisível.
Nesse sentido, no “mundo-hoje” experimentamos uma sociedade líquida, marcada por fluidez e instabilidade. Nela, a ênfase no individualismo cresce, com as pessoas sendo constantemente desafiadas a construir e reconstruir suas identidades, muitas vezes através de escolhas rápidas, às cegas e mutáveis.
Desse modo, sem refletir e laborar o autoconhecimento, tendemos a ceder à facilidade de desconexão e mudança em todos os aspectos da vida, levando-nos a aceitar uma fuga da responsabilidade e do compromisso com os outros, gerando insegurança e solidão dentro de si.
Pois, uma imersão desmedida na sociedade de consumo intensifica a busca por novidades e a troca rápida de produtos, de relações e de experiências, reforçando a natureza passageira e fugaz das coisas, das pessoas, da vida, dos relacionamentos e do autocuidado.
Desse modo, o não exercício da autognose nos impede de compreender as frustrações e as rejeições, que geram uma sensação de vazio, de solidão e de isolamento social. Isto pode nos levar à depressão, à ira de si e à ansiedade, nos fazendo buscar fugas ou amarras – por vezes, inconscientes – na drogadição, no “job”, em relações tóxicas e efêmeras.
Portanto, sem o autoconhecimento sucumbimos em conexões virtuais e vãs, numa identidade superficial e sensação de vazio, desperdiçando a beleza da vida.
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