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Bolsonaro volta a ameaçar o STF: "Ordens absurdas não se cumprem. Acabou, porra!"

Alcolumbre e Bolsonaro se reuniram no Palácio do Planalto; Maia vê um tom ruim, excessivo

Presidente Bolsonaro volta a ameaçar:

Presidente Bolsonaro volta a ameaçar: "Acabou, porra!" Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro reagiu com fúria à operação da Polícia Federal determinada pelo ministro Alexandre de Moraes para investigar um esquema de disseminação de fake news. " Acabou, porra!".  O discurso do presidente oscilou entre momentos de proposta de diálogo e outros com clara indicação de uma escalada na tensão institucional.

Na parte mais agressiva do pronunciamento, Bolsonaro disse que “ordens absurdas não se cumprem” e que “nós temos que botar um limite nessas questões”. Em determinado momento, o presidente gritou: “Acabou, Porra!”, se referindo a que ele chama de interferência dos outros poderes em seu governo. 


O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi na tarde desta quinta-feira (28) ao Palácio do Planalto para reunião com o presidente Jair Bolsonaro. O site Congresso em Foco  ouviu de auxiliares próximos do senador que a conversa foi para discutir as recentes ações do Supremo Tribunal Federal.

Davi Alcolumbre foi ao Palácio do Planalto conversar com Bolsonaro
Foto: Flickr/Planalto

Em entrevista à Rádio Tupi, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-Rj), comentou a reação irada do presidente Bolsonaro. "A decisão do próprio ministro Alexandre [de Moraes] de ouvir Weintraub precisa ser respeitada. A gente não pode ir contra uma decisão do Judiciário porque foi contra um aliado nosso. Precisam ser respeitadas. O governo tem o direito de criticar, o tom é ruim, o tom é excessivo", avaliou Maia.

Veja a íntegra do vídeo divulgado das redes socias do presidente Jair Bolsonaro:

https://www.facebook.com/watch/?v=2770009753108849

Na transição para um tom mais institucional, Bolsonaro tentou focar as críticas à figura do ministro Alexandre de Moraes, não a todo o STF. “Quando alguém do meu lado se desvirtua, eu demito. Já que eles [ministros do STF] não podem ser demitidos, que os colegas conversem com eles”, disse. 

Bolsonaro pediu aos colegas dos outros poderes que busquem o entendimento e que deixem atitudes individuais atrapalharem os assuntos públicos. 

Na sequência, o presidente disse que “a democracia é algo sagrado” e repudiou as teses de que pretende dar um golpe. 

“Sou o chefe supremo das Forças Armadas. Em nenhum momento disse que as Forças Armadas estão com o presidente, elas estão com o povo, a democracia, a lei e a ordem. Não vão fazer que eu transgrida, que eu me torne um pseudo-ditador da direita. Isso não existe. Irei às últimas consequências contra qualquer um do meu meio que eventualmente pense dessa maneira". 


"Nunca tive a intenção de controlar a Polícia Federal, pelo menos isso serviu para mostrar ontem [quarta]". Mas obviamente, ordens absurdas não se cumprem. E nós temos que botar um limite nessas questões”, afirmou Bolsonaro a jornalistas na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada. "Não foi justo o que aconteceu no dia de ontem", completou.

Bolsonaro disse ainda que tem as "armas da democracia nas mãos" e afirmou que não haverá um outro dia igual à quarta-feira.

Repito, não teremos outro dia igual ontem. Chega! Chegamos no limite. Estou com as armas da democracia na mão. Eu honro os meus compromissos no juramento que fiz quando assumi a Presidência da República.

Ele criticou decisões monocráticas (tomadas por um só ministro), como foi o caso do despacho de Moraes que autorizou a operação contra as fake news. Para ele, o Legislativo e o Judiciário devem ser independentes, mas defendeu que decisões sejam tomadas pelo colegiado (conjunto de ministros ou parlamentares). Bolsonaro usou um palavrão para dizer que "acabou" a tomada monocrática de decisões.

"Não podemos falar em democracia sem um Judiciário independente, sem um Legislativo também independente, para que possam tomar decisões, não monocraticamente por vezes, mas as questões que interessam ao povo como um todo, que tomem, mas de modo que seja ouvido o colegiado. Acabou, porra! Me desculpem o desabafo. Acabou! Não dá para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais, tomando de forma quase que pessoal certas ações", afirmou o presidente.

Bolsonaro também disse que, na opinião dele, os alvos da operação da quarta não são bandidos nem marginais.

“Trabalhamos ontem quase que o dia todo voltando para uma causa. Com dor no coração, ouvindo reclamos daqueles que tiveram sua propriedade privada violada, que não são bandidos, não são marginais, não são traficantes. Muito pelo contrário, são cidadãos, chefes de família, homens, mulheres, que foram surpreendidos com a Polícia Federal, que estava cumprindo ordens, batendo em sua casa", afirmou o presidente.

Gabinete do ódio

No despacho que autorizou a operação, Moraes escreveu que há provas que apontam para a possibilidade de o gabinete do ódio ser uma associação criminosa.

Gabinete do ódio é como políticos ouvidos no inquérito chamaram o grupo que produz e dissemina fake news pelas redes sociais. Para Moraes, o conteúdo produzido representa um risco para independência entre os poderes e as instituições democráticas.

"As provas colhidas e os laudos técnicos apresentados no inquérito apontaram para a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática", escreveu o ministro.


Fonte: Congresso em Foco/G1

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