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Limma destaca a canonização da Santa Dulce dos Pobres

Limma destaca a canonização da Santa Dulce dos Pobres

Deputado estadual Francisco Limma (PT)
Foto: Paulo Pincel O deputado estadual Francisco Limma (PT) fez um longo discurso em homenagem a Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa da Igreja Católica nascida no Brasil. "É assim que Irmã Dulce passa a ser chamada após a cerimônia de canonização que a tornou santa na manhã deste domingo (13) na Praça de São Pedro, no Vaticano, lotada de fiéis brasileiros e de outras partes do mundo", leu um discurso de três paginas. Francisco Limma, que é líder do Governo na Assembleia Legislativa, lembrou que a santa, conhecida popularmente como Anjo Bom da Bahia, é uma das religiosas mais populares do Brasil, graças ao trabalho social prestado em vida aos mais pobres e necessitados, principalmente na Bahia. Limma lembrou que foi Irmã Dulce quem começou o que é hoje um dos maiores complexos de saúde 100% SUS (Sistema Único de Saúde) do país. "Considero que ela teve um espírito empreendedor, mão na massa, o que aumenta minha admiração pelo trabalho caridoso que ela desenvolveu com tanto amor e dedicação. Pra mim só mostra o quão incrível e visionária ela era em sua bondade". Veja trechos do discurso: "Santa Dulce dos Pobres era baiana e foi um símbolo de luta e determinação. Com seu empreendedorismo e fé, deu atendimento de saúde a milhares de brasileiros todos os anos em seu hospital. O mais impressionante é que ela nunca deixou que sua própria saúde frágil a impedisse de se doar. O Vaticano considera Santa Dulce dos Pobres a primeira santa brasileira. Embora outras brasileiras e uma religiosa que atuou no país tenham sido canonizadas pela Igreja Católica anteriormente, irmã Dulce é a primeira mulher nascida no Brasil que teve milagres reconhecidos. Santa Dulce dos Pobres
Foto: Divulgação Trajetória de vida da Irmã Dulce Maria Rita Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em uma família abastada. Filha de um dentista e de uma dona de casa que morreu de parto quando ela tinha apenas sete anos, descobriu sua vocação ainda adolescente, quando atendia mendigos e doentes na porta da casa da família. Aos 19 anos se tornou freira e adotou o nome de "Dulce", em homenagem à mãe. Começou atuando nos bairros mais pobres de Salvador e chegou a invadir propriedades desocupadas para abrigar doentes que pediam sua ajuda. Em 1949, transformou o galinheiro de um convento em uma enfermaria improvisada, que logo teria 70 leitos para se transformar em um grande complexo de hospitais e centros públicos de saúde: as Obras Sociais da Irmã Dulce (OSID), que hoje atende anualmente cerca de 3,5 milhões de pessoas. RESUMO: . Nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador; . Quando ela tinha 7 anos, sua mãe morreu; . Aos 13 anos, ela acolhia mendigos e doentes na casa onde morava com o pai e os irmãos, no bairro de Nazaré, na capital baiana; . A vida religiosa começou aos 18 anos, quando, após se formar como professora primária, ela ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus; . Somente aos 19 anos, mais especificamente em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito de freira e adotou o nome de Irmã Dulce em homenagem à mãe, que se chamava Dulce Maria; naquele mesmo mês, ela viveu 6 meses em São Cristóvão (SE) e depois voltou para Salvador; . No ano de 1935, iniciou a assistência à comunidade carente, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que foi formado no bairro de Itapagipe, na capital baiana; . Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas, em um local de Salvador conhecido como Ilha dos Ratos. Nos imóveis, ela acolhia enfermos e desabrigados; . Ainda na década de 30, ajudou operários do bairro de Itapagipe, em Salvador, a formarem a União Operária São Francisco. Logo depois, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, fundou o Círculo Operário da Bahia; . Junto aos trabalhadores, ela inaugurou um colégio para os filhos dos operários e ainda ajudou a fundar os cinemas Plataforma e São Caetano, além do Cine Teatro Roma; a renda obtida nos cinemas contribuía para a manutenção do Círculo Operário; . Na década de 60 transformou um galinheiro do Convento de Santo Antônio em albergue. Mais tarde, o lugar deu origem ao Hospital Santo Antônio, no Largo de Roma, em Salvador, e as Obras Sociais que levam o nome dela; . Em 13 de março de 1992, faleceu em Salvador na Bahia; . Em 2011, foi nomeada beata; . Em 13 de outubro de 2019 foi canonizada e se tornou santa com o nome Santa Dulce dos Pobres. Imagem da santa ganha auréola, após canonização, em Igreja de Salvador (BA)
Foto: João Souza/G1 O caminho para a canonização Irmã Dulce foi beatificada em 2011, após ter o primeiro milagre reconhecido. A graça alcançada foi a recuperação de uma paciente que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica. Após beatificada, Dulce Lopes Pontes passou a ser chamada "Bem-Aventurada Dulce dos Pobres". Para ser considerada santa, Irmã Dulce precisaria ter um segundo milagre reconhecido, o que ocorreu em maio deste ano. O miraculado, o maestro soteropolitano José Maurício, voltou a enxergar após fazer uma oração para a então beata. Ele teve glaucoma e começou a perder a visão em 1999. Em 2000, ele já estava cego, mas em 2014 voltou a enxergar. Além do milagre recebido por José Maurício, outras duas graças alcançadas por devotos após orações a Irmã Dulce estavam sendo analisadas pelo Vaticano para o processo de canonização da religiosa. Os três casos foram enviados ao Vaticano pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em 2014, após análise de profissionais da própria instituição. Os outros dois milagres que ainda não foram confirmados pelo Vaticano continuam sendo analisados. O Vaticano tem quatro exigências quanto à veracidade de uma graça, até ser considerada milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito. Em Teresina, Vila Irmã Dulce homenageia canonização da primeira Santa Brasileira Para celebrar a canonização da primeira santa nascida no Brasil, participamos da Missa em Ação de Graças na grande Vila Irmã Dulce, em Teresina. A celebração foi presidida pelo arcebispo metropolitano de Teresina, Dom Jacinto Brito, que foi acompanhado de vários padres. Lá encontrei com amigos e amigas, como a vice-governadora Regina Sousa, lideranças e jovens da comunidade que apresentaram uma peça teatral sobre Irmã Dulce. A Vila Irmã Dulce é a segunda maior ocupação urbana da América Latina, com aproximadamente 50 mil habitantes, o que representa cerca de 15 mil famílias. A área foi ocupada por milhares de pessoas ainda em 1998, impulsionadas pela crise habitacional nas cidades e pela ausência de políticas públicas capazes de garantir o direito à moradia e a cidadania, várias reivindicações se espalharam por todo território nacional, sobretudo na segunda metade da década de 1990. A data marcada para a ocupação foi, propositalmente, 03 de Junho de 1998, dia em que ocorreriam, simultaneamente, diversas ocupações em vários Estados da Federação. O propósito era chamar atenção do poder público para o problema. A ocupação da Vila Irmã Dulce teve o apoio e a participação de vários movimentos sociais como Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários (FAMCC), Comissão Pastoral da Terra (CPT), além da Igreja Católica, Sindicatos, ONGs e Partidos Políticos. Em seu primeiro ano de mandato, em 2003, o então presidente Lula realizou sua primeira viagem oficial a Teresina no que foi chamado de “Caravana conta a fome” – experiência que também passou por Pernambuco e o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, visitando grandes aglomerações que não tinham estrutura ou condições dignas de vida – e o local de partida foi a Vila Irmã Dulce. Durante os dois mandatos do Lula, os moradores da Vila Irmã Dulce ganharam dignidade, recebendo ruas, casas (que antes eram de taipa), horta comunitária, quadra de esportes, escolas e a adutora de água que abastece a região. Com uma nova perspectiva de vida, os moradores da Vila Irmã Dulce ganharam mais um motivo para celebrar, pois tem como nome a santa brasileira, que foi conhecida pelo mundo inteiro neste domingo (13), na celebração de canonização realizada na Praça São Pedro, no Vaticano".

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